Alunos da UFSM realizam protesto antirracista na tarde desta segunda

Alunos da UFSM realizam protesto antirracista na tarde desta segunda

Foto: Nathália Schneider (Diário)

Um protesto, na tarde desta segunda-feira (21), marcou a tarde no Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH), no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em Camobi. O ato teve como objetivo protestar contra o retorno de uma estudante acusada de racismo dentro da universidade em 2022 e questionar a instituição sobre a falta de resolução do caso.


O protesto iniciou por volta das 14h30min e contou com representantes do DCE, Juntos Santa Maria, Movimento Negro Universitário, Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) e da Liga Yandê, além de diversos estudantes. O ato contou com intervenções artísticas e depoimentos em apoio à causa. Entre uma apresentação e outra, Luiz Boneti, membro do DCE, discursou sobre a importância do encontro:


– A universidade deveria ser o modelo do que queremos para a sociedade. Hoje, qualquer um se sente à vontade para falar o que bem entende dentro da sala de aula ou através de uma rede social e ainda pede respeito por expressar uma opinião preconceituosa. Mas a gente está aqui para resistir.


Um questionamento feito por Luiz foi sobre os avanços da legislação brasileira no combate a esse tipo de crime, mas de que isso não surtiria efeito dentro do mundo acadêmico:


– Do que adianta os avanços relacionados à legislação brasileira no combate ao racismo, se a UFSM acha que aqui é um mundo paralelo, uma ilha, que aqui são outras regras que valem? 


Alusivas ao movimento antirracista, as faixas feitas por alunos eram compostas por questionamentos, como: "Racismo é crime na UFSM, não?" e "Somente racistas toleram racismo". 

Foto: Nathália Schneider (Diário)


Depois do protesto, uma reunião entre representantes universitários e a direção do CCSH estava marcada para ocorrer em uma sala no prédio 74B. Nela, os representantes questionaram o Centro sobre qual foi a conclusão do caso e quais medidas teriam sido tomadas, conforme afirma Xainã Pitanguary, representante da Liga Yandê:


– Queremos saber o que de fato aconteceu, pois não houve nenhum acompanhamento prático por parte da instituição. Foi um fato que chocou muitos estudantes da UFSM e até hoje não tivemos resposta. Infelizmente, a resposta que devemos ter, é que o racismo compensa.


Foto: Nathália Schneider (Diário)



Coordenador da Prograd explica

A jovem seria estudante do curso de Artes Cênicas, no Centro de Artes e Letras (CAL), quando teria cometido o crime de racismo em 2022. No segundo semestre de 2023, ela teria retornado, via reingresso, no curso de Filosofia, no CCSH. 


Segundo o coordenador de Oferta e Relacionamento da Prograd, e responsável pelos editais de ingresso e reingresso, Sérgio Schlender, o edital de reingresso é baseado em documentos pessoais, enquanto os critérios de seleção e classificação estão especificados no edital. O coordenador não analisou esse caso em específico, mas explicou como esse processo ocorre:

– O candidato interessado precisa atender esses critérios listados e o curso analisa documentalmente, conforme esses critérios documentais exigidos. 


Em relação a participação da aluna em um novo processo seletivo, para retornar à universidade, porém em outro curso de graduação, o coordenador é enfático:


– Enquanto participa do processo seletivo, ela é somente uma candidata. Em relação a isso, não há qualquer impeditivo, isso é do direito dela. Aí, como aluna regular, caso haja sanções, ela pode responder a qualquer momento.


Ele também reforçou que o reingresso é considerado um novo processo seletivo; por isso, ela possui uma nova matrícula na instituição. Porém, revelou que todo o histórico do estudante é computado, via CPF.


– Se houver qualquer processo em aberto, inclusive sanções disciplinares, será analisado nessa nova matrícula. 


Questionado se de fato há sanções e qual seria a atual situação do processo administrativo movido contra a estudante, o pró-reitor de graduação, Jerônimo Tybush, não retornou o contato da reportagem até a publicação desta matéria.


Relembre o caso

Em 10 de maio de 2022, uma estudante de 21 anos, do curso de Artes Cênicas da UFSM, foi indiciada pelo crime de racismo. Ela foi enquadrada em uma das formas qualificadas do crime, quando ele é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza.


O inquérito foi aberto um dia depois do caso vir à tona, quando a publicação da estudante nas redes sociais ganhou repercussão na instituição. Na publicação, a aluna escreveu: “Tenho pavor de conviver com pessoas escuras, eles devem ter complexo de inferioridade muito forte em relação às pessoas brancas”, entre outras manifestações de cunho racista. No mesmo dia, um ato antirracista foi realizado na UFSM condenando a atitude da estudante.


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Maria Júlia Corrêa

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